sábado, 4 de dezembro de 2010

IX Festival de Apartamento (Campinas/SP)


Arte da Performance

(favor repassar por e-mail, blogs e/ou redes sociais)

http://festivaldeapartamento.blogspot.com/
http://twitter.com/fest_apartament

Organização
Thaíse Nardim
Ludmila Castanheira
Rodrigo Emanoel Fernandes

Anfitrião
Renato Ferracini


Entrada livre,
mas uma garrafa de vinho será muito bem recebida


Dia 11 de Dezembro de 2010, a partir das 21 horas
Rua Abel José Bonomi, 60, Barão Geraldo, Campinas/SP
Mapa dos Arredores


Rota pra quem vem de ônibus: ônibus 3.31 (ponto próximo a entrada da rodoviária, na"Governador Pedro de Toledo") até o Terminal Barão Geraldo. No terminal, pegue o 3.25 ou o 3.26. Peça para descer o mais perto da "Pizzaria Borda de Ouro". Você estará na Rua Luís Vincentim Sobrinho. Vire à esquerda na Rua Abel José Bonomi, 60
Mapa de Percurso

Rota pra quem vem de carro: a partir da entrada de Barão Geraldo (distrito de Campinas), seguir pela Avenida Santa Isabel até encontrar o supermercado "Super Barão". Vire à direita na rua Armando Sebastião Bonomi e à esquerda naRua Luís Vincentim Sobrinho. Vire à direita na
Rua Abel José Bonomi, 60
Mapa de Percurso




Programação das Performances Confirmadas:
(listadas por ordem de inscrição, não necessariamente ordem de apresentação)


Stress
Dora Selva

Dora Selva & Rodrigo De
São Paulo/SP

Um corpo que não pode parar, um corpo que busca o limite: até onde posso ir dessa maneira? Como
aprender a fazer algo que você não é capaz de fazer? Como aprender a permanecer na exaustão, ao invés de lutar para sair dela? Como permitir que o corpo fique?


Pieza 1: Apócrifo
Pieza 2: Entre El placer y La inocencia

Colectivo Madre Araña
Pieza 1: Eren Blancarte, Verónica Cristiani, Juana Sabina Ortega, Esmeralda Pérez Tamiz, Marisol Pérez León, y Ruth Vigueras Bravo.
Pieza 2: Eren Blancarte, Esmeralda Pérez Tamiz y Ruth Vigueras Bravo.
Distrito Federal/México

Pieza 1: Desde uma primeira instância, pretende-se antepor um contraste entre a podridão, a pureza e o suntuoso, com o profano, impuro e pagão. Partindo dos estereótipos ou clichês sociais atuais, que, apesar dos fenótipos diversos que marcam tendências em função da modernidade, não deixam de se reger em grande parte, pelos cânones de a modernidade, não deixam de se reger em grande parte, pelos cânones da moral e “bom comportamento” que delimitan ainda, instâncias religiosas cuja ideologia segue sendo a mesma que se professava desde épocas antigas. O corpo contrapõe-se como uma fonte de desejos, de prazeres, de emoções, de ficções, de realidades e convívio. A atmosfera na qual prevalecerá a cor branca, remete à pureza do indivíduo e a insígnia da cruz alude ao conflito próprio do bem e do mau.
Pieza 2: A peça de performance confronta-se com público com elementos antípodas (violência e prazer); por médio de uma crítica com função reflexiva em meio à violência sexual na infância, da qual se derivam certas condutas e traumas. Estas, se vêem refletidas na idade adulta somadas a comportamentos delictivos sócios a parafilias e se caracterizam por impulsos sexuais intensos, recorrentes fantasías que implicam objectos, actividades e situações pouco habituais. Nesta acção cria-se um universo em onde a variedad da vida se despliega e se celebra através de múltiplas relações comummente denominadas perversas. Contrapõem-se estes elementos à moral e às normas sociais estabelecidas. Neste sentido o universo da perversión joga com os limites da razão. Aceita uma ingenuidad interrompida empero que a sua vez rebasa a antinomia entre a inocência e culpabilidad. Uma inocência ontológica: a qualidade daquilo que não precisa justificativa, que não tem finalidade mais que sua própria intensidade. Freud menciona: “Existem casos de sexualidad infantil a temporã idade com condutas de masturbación entre outras parafilias sexuais.” No entanto, estes trastornos derivados de condutas sexuais autoeróticas a temporã idade aunada a circunstâncias violentas, produzem mal-estar clinicamente significativo ou deterioro social e baixa autoestima.


Eu sou Delicado
André Magalhães Liza

São Paulo/SP

Consiste na Insatisfação e na instabilidade do meu ser. Descontentamento.





Ritornelo
Ludmila Castanheira
Campinas/SP

une fleur qui ressemble à mon rouge ideal

(hommage à Thiago Buoro et son Baudelaire)



Adão e Eva expulsos do paraíso
Lúcio Agra e Grasiele Sousa
São Paulo/SP

Inspirados no episódio bíblico e simbólico da queda (pecado original) a proposta sugere que o público faça o papel do anjo exterminador, isto é, o guardião das portas do paraíso.




Como consertar o corpo
Bruna Freitag
São Paulo/SP

Propor uma investigação da relação entre a forma vista com o corpo que assiste, e essas interrogações se misturarem, faz parte de uma pesquisa da performer que busca obsessivamente ver no outro as recusas ao próprio corpo. Explorar a possibilidade de a partir das relações entre os corpos presentes, descobrir os limites entre o corpo integrado e o corpo marginal.





soberba e penitência ou os sapatos vermelhos
Luísa Nóbrega

São Paulo/SP

com os olhos cobertos por tapa-olhos e sapatos vermelhos de salto apertados, a performer irá dançar até chegar a seu ponto máximo de exaustão física. a cada vez que cair no chão ou por qualquer outro motivo fizer uma pausa brusca, ela terá trinta segundos para se levantar e recomeçar a dançar



Tufos
Ricardo Alvarenga

Performer: Ricardo Alvarenga
Música: Kleiner Kaverna

Uberlândia/MG

Composição de imagens e relações autobiograficas marcadas por vertigens identitárias de um corpo socialmente branco, mas tipicamente mestiço, que sob o estigma do “cabelo ruim” descobre novas camadas relacionais ao deixá-lo crescer . A este fenótipo, soma-se traços microscópicos de uma doença étnica africana em que hemácias sob determinadas condições, tomam forma de foice e morrem.



cada mundo tem sua mosca?
Flávio Rabelo
Campinas/SP

um performer, um batom e uma filmadora numa provocação sobre o cotidiano, indentidades e gêneros. mais uma série do Projeto ,corpoestranho,




sweet-o-rama: maçã do amor
Thaíse Nardim

Palmas/TO

Imobilizada, a performer terá os seios cobertos por uma calda doce e de cor vermelha, à temperatura média de 100º. Após a cristalização da calda, o público estará convidado a intervir sobre o corpo da performer de acordo com sua vontade.



Trauma
Shima

São Paulo/SP

performance,
caderno e fita de cetim,

Retratista
Adriel Visotto

Belo Horizonte/MG

O vídeo é o registro de uma ação que trabalha com a categoria pictórica do retrato, propondo uma reflexão sobre a contaminação dos meios tradicionais pelas novas mídias, e trazendo questões de problemas sóciais de ordem pública através das sensações de desconforto e estranhamento.


Re-crisálidas
Murilo de Paula

São Paulo/SP

Casulos de bichos da seda, cera, insetos, palitos de fósforo são usados para criar um objeto onde o performer tenta cristalizar o tempo. A memória e a crueldade de uma brincadeira infantil são envolvidas por frágeis fios de seda.




domingo, 21 de novembro de 2010

Inscreva sua performance no IX Festival de Apartamento (Campinas/SP)


Inscreva sua performance no
IX Festival de Apartamento (Campinas/SP)
11/12/2010 - Local a divulgar

Arte da Performance


Estão abertas as inscrições para apresentação de performances no IX Festival de Apartamento, que acontecerá em Campinas/SP em 11/12/2010.


Os Festivais de Apartamento são eventos que promovem encontros e trocas de experiências entre pessoas interessadas na arte da performance. Para isso, instaura um espaço-tempo propício para apresentação e fruição de ações performáticas: um misto de mostra e festa, organizados por uma jovem equipe de artistas-pesquisadores e realizados em residências cedidas - casas, chácaras ou apartamentos. Os Festivais vêm ao encontro das necessidades daqueles que não se identificam com os modos de produção e circulação convencionais da arte e buscam um espaço livre para a realização de suas propostas.

Esta série de Festivais de Apartamento chega agora à sua nona edição, atualizando a proposta neoísta dosApartment Festivals, eventos internacionais de Arte da Performance realizados nas moradias dos artistas nos anos 80. A releitura nacional, que teve início em 2007, vem acontecendo sem nenhum tipo de apoio financeiro de órgãos governamentais ou instituições de fomento, estabelecendo-se com custo tendendo a zero: para a realização dos Festivais têm sido necessários apenas o local cedido, pessoas interessadas em assistir a e/ou apresentar performances e o trabalho de articulação do time de organizadores.

A prerrogativa de liberdade é reforçada ainda pela ausência de eleição curatorial: uma vez inscrito, o performer passa a ser um participante. Logo, é indispensável que cada artista responsabilize-se por sua produção.



O IX Festival de Apartamento está aberto a propostas para a nona edição do evento, que acontecerá em Campinas/SP, no dia 11 de Dezembro de 2010.

Os interessados em participar devem preencher a ficha de inscrição e enviá-la, junto a uma imagem de divulgação da proposta, para a organização do evento através do e-mail:

festivaldeapartamento@gmail.com

Mais detalhes e histórico dos eventos:
http://festivaldeapartamento.blogspot.com/


Organização
Thaíse Nardim
Ludmila Castanheira
Rodrigo Emanoel Fernandes

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Para minha tia Cláudia, com carinho: resposta à carta aberta de José Danon para Chico Buarque

“Peço que leiam até o final. Depois coloquem a consciência no travesseiro e tirem as suas conclusões”.

José Danon

"Chico, você foi, é e será sempre meu herói. Pelo que você foi pelo que você é e pelo que creio que continuará sendo. Por isso mesmo, ao ver você declarar que vai votar na Dilma “por falta de opção”, tomei a liberdade de lhe apresentar o que, na opinião do seu mais devoto e incondicional admirador, pode ser uma opção.
Eu também votei no Lula contra o Collor. Tanto pelo que representava o Lula como pelo que representava o Collor. Eu também acreditava no Lula. E até aprendi várias coisas com ele, como citar ditos da mãe. Minha mãe costumava lembrar a piada do bêbado que contava como se tinha machucado tanto. Cambaleante, ele explicava: “Eu vi dois touros e duas árvores, os que eram e os que não eram. Corri e subi na árvore que não era aí veio o touro que era e me pegou.” Acho que nós votamos no Lula que não era aí veio o Lula que era e nos pegou.
Chico, meu mestre, acho que nós, na nossa idade, fizemos a nossa parte. Se a fizemos bem feita ou mal feita, já é uma outra história. Quando a fizemos, acreditávamos que era a correta. Mas desconfio que nossa geração não foi tão bem-sucedida, afinal. Menos em função dos valores que temos defendido e mais em razão dos resultados que temos obtido. Creio que hoje nossa principal função será a de disseminar a mensagem adequada aos jovens que vão gerenciar o mundo a partir de agora. Eles que façam mais e melhor do que fizemos, principalmente porque o que deixamos para eles não foi grande coisa. Deixamos um governo que tem o cinismo de olimpicamente perdoar os“companheiros que erraram” quando a corrupção é descoberta.
Desculpe, senhor, acho que não entendi. Como é mesmo? Erraram? Ora, Chico. O erro é uma falha acidental, involuntária, uma tentativa frustrada ou malsucedida de acertar. Podemos dizer que errou o Parreira na estratégia de jogo, que erramos nós ao votarmos no Lula, mas não que tenham errado os zésdirceus, os marcosvalérios, os genoinos, dudas, gushikens, waldomiros, delúbios, paloccis, okamottos, adalbertos das cuecas, lulinhas, beneditasdasilva, burattis, professoresluizinhos, silvinhos, joãopaulocunhas, berzoinis, hamiltonlacerdas, lorenzettis, bargas, expeditovelosos, vedoins, freuds e mais uma centena de exemplares dessa espécie tão abundante,desafortunadamente tão preservada do risco de extinção por seu tratador. Esses não erraram. Cometeram crimes. Não são desatentos ou equivocados. São criminosos. Não merecem carinho e consolo, merecem cadeia.
Obviamente, não perguntarei se você se lembra da ditadura militar. Mas perguntarei se você não tem uma sensação de déjà vu nos rompantes de nosso presidente, na prepotência dos companheiros, na irritação com a imprensa quando a notícia não é a favor. Não é exagero, pergunte ao Larry Rother do New York Times, que, a propósito, não havia publicado nenhuma mentira. Nem mesmo o Bush, com sua peculiar e texana soberba, tem ousado ameaçar jornalistas por publicarem o que quer que seja. Pergunte ao Michael Moore. E olhe que, no caso do Bush, fazem mais que simples e despretensiosas alusões aos seus hábitos ou preferências alcoólicas no happy hour do expediente.
Mas devo concordar plenamente com o Lula ao menos numa questão em especial: quando acusa a elite de ameaçá-lo, ele tem razão. Explica o Aurélio Buarque de Hollanda, seu tio,que elite, do francês élite, significa “o que há de melhor em uma sociedade, minoria prestigiada, constituída pelos indivíduos mais aptos”. Poxa! Na mosca. Ele sabe que seus inimigos são as pessoas do povo mais informadas, com capacidade de análise, com condições de avaliar a eficiência e honestidade de suas ações. E não seria a primeira vez que essa mesma elite faz esse serviço. Essa elite lutou pela independência do Brasil, pela República, pelo fim da ditadura, pelas diretas-já, pela defenestração do Collor e até mesmo para tirar o Lula das grades da ditadura em 1980, onde passou 31 dias. Mas ela é a inimiga de hoje. E eu acho que é justamente aí que nós entramos.
Nós, que neste país tivemos o privilégio de aprender a ler, de comer diariamente, de ter pais dispostos a se sacrificar para que pudéssemos ser capazes de pensar com independência, como é próprio das elites - o que, a propósito, não considero uma ofensa -, não deveríamos deixar como herança para os mais jovens presentes de grego como Lula, Chávez, Evo Morales, Fidel - herói do Lula, que fuzila os insatisfeitos que tentam desesperadamente escapar de sua “democracia”. Nossa herança deveria ser a experiência que acumulamos como justo castigo por admitirmos passivamente ser governados pelo Lula, pelo Chávez, pelo Evo e pelo Fidel, juntamente com a sabedoria de poder fazer dessa experiência um antídoto para esse globalizado veneno. Nossa melhor herança será o sinal que deixaremos para quem vem depois, um claro sinal de que permanentemente apoiaremos a ética e a honestidade e repudiaremos o contrário disto.Da mesma forma que elegemos o bom, destronamos o ruim, mesmo que o bom e o ruim sejam representados pela mesma pessoa em tempos distintos.
Assim como o maior mal que a inflação causa é o da supressão da referência dos parâmetros do valor material das coisas, o maior mal que a impunidade causa é o da perda de referência dos parâmetros de justiça social. Aceitar passivamente a livre ação do desonesto é ser cúmplice do bandido, condenando a vítima a pagar pelo malfeito. Temos opção. A opção é destronar o ruim. Se o oposto será bom, veremos depois. Se o oposto tampouco servir, também o destronaremos. A nossa tolerância zero contra a sacanagem evitará que as passagens importantes de nossa História, nesse sanatório geral, terminem por desbotarem na memória de nossas novas gerações.
Aí, sim, Chico, acho que cada paralelepípedo da velha cidade, no dia 3 de outubro, vai se arrepiar.
Seu admirador número 1,
Zé Danon

José Danon é economista e

consultor de empresas


Olá, tia.

Confio nas suas melhores intenções para me enviar este texto, e espero que você receba o que escrevi também com as melhores intenções. Tenho medo de contrariar pontos de vista, especialmente daqueles que amo, porque em nossa cultura, discordar é sinônimo de ofender, e não é esse o meu propósito. Então, em nome do diálogo saudável e da livre troca de idéias, coloco aqui algumas ponderações sobre determinados aspectos do texto de José Danon.
Não acho que votar no Serra seja diferente em termos de corrupção. Não sou "deslumbrada" com o PT, e tenho plena consciência de houve muita roubalheira em sua gestão. A questão é que não me lembro (e aqui tenho a desvantagem da pouca idade) de uma administração que não tenha sido marcada pelos escândalos midiáticos. A diferença é que no caso do PT, estas coisas vieram à tona, enquanto que, no governo FHC (PSDB), estavam sempre botando panos quentes. De repente, é por isso que a gente tem a impressão de que eles eram mais honestos.
Depois, num país como o nosso, com tanta gente vivendo abaixo da linha da pobreza, eu não tenho muito orgulho de me identificar com a definição de "elite" dada por este texto, não me importa de quem seja (se do tio do Chico, por exemplo). Não estou dizendo que devemos ter culpa dos méritos financeiros que conseguimos conquistar, nem que devemos ter um ataque de São Francisco e distribuir tudo o que possuímos aos pobres. Mas é preciso ter consciência de que, se tanta gente ainda passa fome e nós podemos gozar de alguns benefícios, então, possivelmente o que sobra para nós falta para alguém, não?
Tem uma coisa que o Danon diz que, definitivamente, não dá para concordar : não foi a elite quem lutou contra a ditadura. A elite estava muito bem, obrigada, com o regime ditatorial, que não só blindava os seus bens, como lhe permitia um acúmulo econômico muito maior do que ela consegue hoje (graças à não perfeita, mas importante distribuição de renda que vem acontecendo no país).
Depois, Evo, Fidel e Cháves estão longe de serem os heróis do Lula. Uma das maiores críticas que os intelectuais de esquerda (muitos deles, elite, inclusive) fizeram ao Lula foi a de que ele "traiu" uma suposta imagem de guerrilheiro socialista.
Agora... é preciso considerar que estamos falando de relações internacionais, não de moleques jogando bola. Não se pode simplesmente ignorar estes ou quaisquer países e suas lideranças: o presidente é, antes de tudo um diplomata.
A tônica do texto diversas vezes recai na responsabilidade que a geração anterior tem em deixar para as outras valores como a honestidade. Tia, você sabe quais são os meus valores, inclusive ideológicos. E foram vocês que me deram, mais do que os meus pais. E é justamente baseada nestes valores que eu não poderia votar no Serra.
E não, nós não precismos "testar" o que seria seu governo para depois "destroná-lo" se não der certo.Nós sabemos o que foi o governo FHC, e seu grande trunfo, sem dúvida foi a estabilização da moeda brasileira com a implantação do Real. Mas nós perdemos grandes patrimônios em seu governo também, inclusive intelectuais: a venda da Vale provocou a migração de muitos cientistas para outros países. Isso é um capital intelectual que nós não recuperaremos em algumas gerações.
Eu adoro o Chico também, assim como o José Danon. Mas não é porque ele apóia a Dilma que eu voto nela: senso crítico é uma coisa que a gente desenvolve sozinho. Aliás, acho que esse seja um dos grandes problemas brasileiros, o comportamento de bando. Nós estamos sempre procurando por alguém que nos diga o que é "certo" ou "errado", e nesse jogo ganha mais seguidores quem tiver a melhor oratória. O problema é que nem sempre a melhor é a mais idônea.
É isso, tia. E é como eu disse. Não se trata de discordar pessoalmente de você, mas de sentir a liberdade de responder ao texto que você me enviou, assim como você se sentiu livre para enviá-lo.
Uma braço forte.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Lua



a Lua entra pelo meio
dos poros,
e os sete buracos redondos.
os da cabeça e os do sexo.
arredonda o ventre e os ângulos,
faz tudo em volta flutuar macio,
sem direção.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Desfrute - ação realizada durante o VIII Festival de Apartamento (São Carlos - SP).

Há um círculo do palpado e do palpante, o palpado apreende o palpante; há um círculo do visível e do vidente, o vidente não existe sem a existência do visível; há até mesmo a inscrição do palpante no visível, do vidente no tangível e reciprocamente; há, enfim, propagação dessas trocas para todos os corpos do mesmo tipo e do mesmo estilo que vejo e toco - e isso pela fundamental fissão ou segregação do sentiente e do sensível, que, lateralmente, faz os órgão de meu corpo entrarem em comunicação, fundando a transitivi
dade de um corpo a outro (Merleau-Ponty. O Visível e o Invisível:139. 1971).
Fotos: Alexandre Sanches, Murilo de Paula e Ludmila Castanheira




terça-feira, 14 de setembro de 2010

O começo


Primeira página da minha pesquisa... Espremida, cutucada.





Introdução de tudo

O tema desta pesquisa é a performance tratada como meio de comunicação. Escolher tratá-la dessa maneira parte da constatação de que determinados circuitos artísticos precisam se valer de algumas brechas (comunicacionais, mercadológicas, curatoriais) coexistentes a um modo de organização hegemônico para se sustentar. Neste exercício, estes circuitos acabam por estabelecer, eles mesmos, os canais necessários à sua fruição.

Este comportamento nas artes, além de implicar em conseqüências políticas, parece dividir, senão deslocar, a importância da obra de seu resultado para o percurso, troca e alterações às quais está sujeita em sua veiculação no meio.

As manifestações que realizam seus próprios canais não são sempre artísticas, nem estamos afirmando que fazê-lo seja característico de toda e qualquer ação performativa. Desde já, é preciso esclarecer que nosso discurso se firma na delimitação de ações performativas que, a nosso ver, apresentam este caráter.

O conjunto de práticas compreendidas como artes presenciais (e que aqui estamos considerando dança, performance e teatro) têm a propriedade de acontecer em negociação com público, havendo maior ou menor abertura para sua entrada. Porém, por menor que seja o vetor entre obra e público, não se pode repeti-la sem que sem que haja modificações.

Ao menos nas primeiras experiências da performance, o apelo e destaque ao “irrepetível”, entre outras propostas de experimentação, buscavam compreendê-la como acontecimento[1]: ação que faz algo (materiais, tempo, espaço, público, performer) passar de um estado (material, de humor) a outro.

Neste viés, a performance se apropriou, sem distinção, das várias contribuições das vanguardas, bem como retomou antigos rituais. As informações advindas da própria arte, do cotidiano e da biografia do artista se processaram de forma a traçar o que viria a ser, ainda hoje, uma arte em construção.

Ainda assim, e talvez até em resposta à perda dos parâmetros que tinham por função situá-la e caracterizá-la, observa-se um modo de fazer, apreciar e difundir arte que se pretende dominante. Mesmo entre artistas, há a eleição das obras que são de bom tom prestigiar, e as quais são uma falta grave que não se tenha visto, ouvido, participado. Este modo, que se perpetua em cadernos, revistas e sites especializados, através do estabelecimento de certa identidade[2], desconsidera ou procura diminuir qualquer outro que não seja ele próprio.



[1] Em distintas bibliografias, situa-se o happening (acontecimento) em oposição à performance, sendo que o primeiro seria uma versão menos elaborada ou mais espontânea da segunda. O hapening, para alguns autores, teria sido a forma de experimentação que, decantada, daria lugar à performance, resultado da maturação da obra e do artista. Thaíse Nardim, em “Allan Kaprow, performance e colaboração: estratégias para abraçar a vida como potência criativa”, oferece uma interessante visão sobre o hapening como forma artística autônoma e organizada.

[2] A definição é a descrição de uma identidade distinta de outras identidades e aspira delimitá-las de forma não-contraditória. A definição nos exclui enquanto sujeitos ativos. A fragmentação – se entendida no sentido de blocos duros não comunicáveis – é fundamental para o pensamento identitário, elemento básico para a organização social capitalista que sublinha sua importância. A identidade é a antítese do reconhecimento mútuo, da comunidade, da amizade e do amor (OLIVEIRA, 2007, p. 62).

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Parada



Vi hoje uma notícia tão estapafúrdia que talvez seja mentira. Um engarrafamento na China, que durava dez dias, desapareceu misteriosamente quando a imprensa começou a mostrá-lo. Dizia que alguns ambulantes abasteciam os engarrafados com comida e bebida a preços altíssimos, e que ele era ainda mais intenso na região Muralhas, o que obrigou os guias turísticos a criarem novos roteiros de visitação. Antes da cobertura jornalística, as autoridades estimavam que durasse até setembro.

Pensei em fazer uma ação. Uma hora parada usando no corpo algum tipo de tinta que desaparecesse com o tempo. Uma metáfora para o que estou vivendo agora. Com projeto de doutorado e orientador engatilhados, o programa em que eu me inscreveria suspendeu a seleção por tempo indeterminado. E nos dias subseqüentes, soube que estou impedida de prestar um concurso para professor em Artes Cênicas porque, embora seja essa a minha graduação e o mestrado seja em performance art, eu o realizo em um departamento cuja área não está prevista no edital.

Se antes a angústia era escolher entre um e outro, agora a sensação é semelhante à de estar presa no trânsito.Tempo perdido, e nada que eu possa fazer andar apenas por minha vontade. Nada, afora as relações estabelecidas com os “ambulantes”: colegas e idéias que passam por mim enquanto espero a possibilidade de me mover.


E a montanha insiste em ficar lá
Parada
A montanha insiste em ficar lá
Para lá
Parada
Parada

(Arnaldo Antunes)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

VIII Festival de Apartamento (São Carlos) - Programação das Performances Confirmadas .

VIII Festival de Apartamento (São Carlos) - Programação das Performances Confirmadas (ATUALIZADO)

.

(favor repassar por e-mail, blogs e/ou redes sociais)

http://festivaldeapartamento.blogspot.com/
http://twitter.com/fest_apartament

Organização
Thaíse Nardim
Ludmila Castanheira
Rodrigo Emanoel Fernandes
Alexandre Sanches

Anfitrião:
Instituto Cultural Janela Aberta


Entrada livre,
mas uma garrafa de vinho será muito bem recebida

Dia 21 de Agosto de 2010, a partir das 20 horas, na
Sede do Instituto Cultural Janela Aberta
Rua Conde do Pinhal, 2340 - Centro - São Carlos/SP, Brasil



Trajeto Rodoviária -> Janela Aberta (via ônibus urbano): no Terminal Rodoviário de São Carlosdirigir-se até a Estação Norte (ao lado da rodoviária) e tomar qualquer linha sentido Jardim Cruzeiro do Sul, Vila Prado ou Redenção. Desembarcar na praça da Catedral (menos de 5 min), seguir pela Rua Dona Alexandrina até a Rua Conde do Pinhal.
Exibir Mapa


Trajeto Rodoviária -> Janela Aberta (a pé): a partir do Terminal Rodoviário de São Carlos seguir pela Rua Dona Alexandrina até a Rua Conde do Pinhal.
Exibir Mapa

Trajeto Rodovia Washington Luiz -> Janela Aberta (carro) : Seguindo pela Rodovia Washington Luiz, pegue a saída que dá acesso a Av. Getúlio Vargas. Vire à esquerda e continue em frente na Av. Getúlio Vargas. Vire à direita na Av. São Carlos. Vire à direita na Rua Treze de Maio. Vire à esquerda em direção à Rua Conde do Pinhal. Vire à esquerda na Rua Conde do Pinhal.
Exibir Mapa


Programação das Performances Confirmadas:
(listadas por ordem de inscrição, não necessariamente ordem de apresentação)


Desfrute
Ludmila Castanheira


"Há um círculo do palpado e do palpante, o palpado apreende o palpante; há um círculo do visível e do vidente, o vidente não existe sem a existência do visível; há até mesmo a inscrição do palpante no visível, do vidente no tangível e reciprocamente; há, enfim, propagação dessas trocas para todos os corpos do mesmo tipo e do mesmo estilo que vejo e toco - e isso pela fundamental fissão ou segregação do sentiente e do sensível, que, lateralmente, faz os órgão de meu corpo entrarem em comunicação, fundando a transitividade de um corpo a outro"
(Merleau-Ponty. O Visível e o Invisível: 1971)

mel-o-drama - parte IV (olhar à distância)
Thaíse Nardim

em mais um trabalho da série "mel-o-drama - a incrível máquina de clichês românticos", a performer compõe com seu corpo, presença e imagem uma "dramaturgia de estratégias" para o engajamento do público, promovendo um encontro intensivo através do qual a sua condição de amante racional será revelada.

Cabelódromo
Grasiele Souza


Manipular os cabelos em torno da face é a ação de Cabelódromo. A aparição de diversos penteados revelam situações de liminaridades entre o reconhecível e o extra-cotidiano para o cabelo.


Modifica
Grupo Corpo de Rua
Maria Gabriela D'Ambrozio e Cid

O "amadureciometo" de um indivíduo: o extasi, o funck, o daime, a erva - a morbidez das palavras à meia noite. "Será que ela goza?". "A felicidade é coletiva?". Dúvidas, angústias, tristezas compartilhadas com o público. Para quem está a responsabilidade da transformação? Quem "Modifica"?


Um intervalo entre nossos instantes
Felipe Bittencourt


UM INTERVALO ENTRE NOSSOS INSTANTES é um trabalho no qual o performer, de sapatilhas de balé e uma coleira, se disponibiliza a ser guiado pelo público. O rumo, velocidade e intensidade deste guiar é determinado pelo observador participante, sendo que o performer deve segui-lo, nas pontas de seus pés, até o seu limite físico.


Maquinestesia
Duo Sonoris Causa
Eduardo Nespoli & Alexandre Ficagna

O sonoro e o visual, o acústico e digital, gestos e sonoridades, elementos que agenciam-se num espaço de encontros esperados e inesperados. Espaço que depende de um tempo outro para que seja reconfigurado.

Antúrio
Maju Martins

Criação e produção: Maju Martins.
Confecção do figurino: Ana Maria P. Jambersi


"Muitas vezes eu disse que uma irmã mais velha vive dentro de meu corpo. Quando tento levantar ela se abaixa. Quando me ocupo de minha dança ela come as trevas no meu corpo. Quando ela cai, isto significa muito mais do que eu ficar em pé." Hijikata

1:1 versão Amarelo
Maíra Vaz Valente


Investigação performática a partir do encontro entre propositor e participador através do Conector Amarelo.




Protagonista ou Tudo aquilo que eu não posso te dizer
Luísa Nóbrega


Uma linha separa artista e público. A performer emite diretamente para o público uma série de sons inarticulados, não podendo de modo algum fazer uso da linguagem verbal. Em seguida, cala-se, vira-lhes as costas e o microfone passa ao público, que pode dizer o que desejar à performer, fazendo uso, obrigatoriamente, da linguagem verbal.


Corpo Crú
Grupo Incógnita

Concepção/intérprete: Urubatan Miranda
Dramaturgia/sonoplastia: Ricardo Barbosa


Tenho síndrome de Otelo desgastado / esquizofrênico pelo sexo obscuro que / transpira entre minhas pernas.
Fecho meus olhos estranhos e nebulosos / e arrasto-me escorregadio, lentamente / enquanto cortejo minha própria sombra / a procura de um reflexo roto.
Reparto meu corpo num quebra cabeças / enquanto a dor debruça-se eloqüente / pesada e absorta sobre meus olhos.
Agora mergulhado em toda a essa catarse / deito-me entre meus órgãos enovelados / por meus surtos, medos e angústias / onde a palavra é abafada pelo silêncio.



Modèles de maisons
Felipe Matos Ohno e Fernanda Vasconcelos


A ideia é iluminar, evocar o novo, transcender os padrões. “Modèles de Maisons” é uma ação de transformação e experimentação, uma distorção dos paradigmas. As ações performáticas convidam o público à auto-transformação e à reflexão sobre o olhar mecânico, que registra sem digerir.


NaMassa
Diana Parisi


Um convite para a composição coletiva de uma massa de pão. O fazer artístico abre mão do espetáculo ao mesmo tempo em que escapa às mãos do autor e reelabora-se em uma ação coletiva simples, descentralizada e despretensiosa, com o potencial de gerar, dissolver ou reconfigurar situações, ambientes e relações.


duas performances
TiTi
Tiemi Arakawa e Tiago de Mello

Não vejo a Tiemi desde sua formatura no colégio onde estudávamos, em 2006. Nos rencontramos no Festival do Apartamento, e nos propomos, cada um, uma performance de reencontro.


vetiver
Danças com caderno testemunho

Gisella Hiche

Versão festival de pesquisa íntima, denominada danças com caderno testemunho, em que movimento e poesias diluem um estado de desenraizamento. Nesta versão, as pessoas presentes no festival poderão dançar sob tecido vermelho e sobre o chão, reconhecendo no corpo, em memórias e na dança sensações que aterram.


A Materialização da Palavra
Arte em Protesto

Aquiles Lencioni

O que vocês estão vendo é uma Performance Artística Contracultural, Intervenção Urbanística, uma Expressão Política baseada em Terrorismo Poético que Retrata uma Realidade Ocultada por um Sistema De uso do Poder Direto e Indireto.


Fazendo (a-consciências)
Uma performance de Thaíse Nardim para André Luiz Nardim

Uma performance-em-jogo familiar, proposta surpresa baseada na obra do artista americano Allan Kaprow, em especial em seus trabalhos de inspiração zen-budista.


Ainda será possível?
Larissa Alvanhan e Mariana de Luna


"Ainda será possível / a comunicação, o entendimento? / Ainda será possível / o contato, o desprendimento? / Ainda será possível / a coragem, o rompimento?/ Ainda será possível / as cores, a liberdade? / Ainda será possível
a vida, o sofrimento? / Ainda será, simplesmente, possível?

Diante de tantas (im)possibilidades cotidianas e rotineiras, a Perfomance Ainda será possível? traz o questionamento: será possível lavar-se das marcas culturais, das sujeiras , das imposições sócio-culturais, dos preconceitos e das hipocrisias para apenas sentir, sonhar, sofrer, viver? Quais são as conseqüências quando ousamos mudar o que nos parece impossível? Ainda existe lugar para as individualidades e o verdadeiro conceito de liberdade? Ainda será possível simplesmente sonhar com as possibilidades ainda (im)possíveis?


15 por 12
Double jesus e Fabi Mtisue

Quantas vezes temos que ser estimulados para tormar-mos fanáticos por algo ? A que ponto nos leva a honra e o orgulho ?
O que é realmente verdade daquilo que cantamos ?